quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Adriana Varejão - Histórias às margens

Demétrio Abrahão

Histórias às margens é a primeira exposição panorâmica de Adriana Varejão. Suas obras são muito diferentes e abordam diversos temas, porém há uma fixação da artista que une a exposição inteira: pedaços de corpos dilacerados. Ela pretende mostrar o corpo como "pele e carne" da pintura.

Ao entrar no MAM e ir na direção da entrada da exposição, me deparei com um vídeo exibido no teto do corredor de entrada que mostrava um céu azul, quase sem nuvens, e uma corda. Depois de alguns segundos, um homem começou a andar pela corda, como se estivesse andando sobre as cabeças dos que passavam pelo corredor. Achei muto interessante e, após alguns segundos observando o vídeo, entrei na primeira sala da exposição. 
Logo na entrada, pude ler um texto explicativo sobre a obra da tão comentada artista e entendi, ali, que não gostaria do que estava indo ver. O texto explicava um pouco a abordagem da artista sobre o  tema do corpo e da carne.
Uma das primeiras obras expostas é um mapa em formato de olho, com uma faixa de "carne sangrenta" no lugar da pupila.

Minha mãe, que me acompanhava ansiosa, pois já havia lido sobre a exposição e estava curiosa para visitá-la, já fez uma cara feia e resolvemos seguir em frente. No decorrer da exposição, nos deparamos com paredes compostas de órgãos, quadros que se "rasgam" em carne, pinturas em azulejos sobre mulheres segurando cabeças e pernas, uma sala onde apenas maiores de idade podiam entrar e assim foi até sairmos da exposição, meros dez minutos depois da entrada.




(o quadro "proibido para menores")







Durante a rápida visita, conversamos muito sobre o conceito de arte. Para nós, aquelas obras não passaram nada além de desgosto. Pouco antes de sair, paramos para observar uma das únicas obras "livres" daquela violência visual. Era um quadro claro, azul, bonito, que parecia estar lá, do lado da saída, nos oferecendo um descanso de tudo aquilo que acabávamos de ver.


Ao sair, novamente me deparei com o vídeo da corda bamba debaixo do céu azul e resolvi tirar uma foto - já que havia me marcado tanto - quando reparei numa plaquinha na parede, que indicava que a obra era uma intervenção de outro artista e não fazia parte da exposição. Pena. Foi uma das únicas coisas que gostei de ver no museu, se não a única.
Minha mãe saiu dizendo que não considerava as obras de Adriana Varejão "arte", porém acredito que, se para ela - Adriana - aquilo é arte, então merece ser exposto e visto como arte, gostemos ou não. Afinal, quem foi que disse que a arte deve agradar?

Adriana Varejão - Histórias às margens
Museu de Arte Moderna de São Paulo - Parque Ibirapuera
Até 16 de dezembro
Terça a domingo, das 10h às 17h30
Entrada gratuita
Informações: (11) 5085-1300

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